Protetor solar: por que ele é indispensável para a saúde da pele

Entre todos os passos de cuidados com a pele, há um que é inegociável: a fotoproteção. O protetor solar não é apenas um item estético, mas um recurso essencial para preservar a saúde cutânea e proteger contra os efeitos nocivos da radiação ultravioleta (UVA e UVB).

O equívoco comum de que o filtro só é necessário em dias de sol deve ser desfeito: os raios ultravioletas atravessam nuvens e até vidros, atingindo nossa pele em ambientes fechados. Enquanto os raios UVA penetram profundamente e aceleram o envelhecimento cutâneo (“A” de age), os raios UVB são responsáveis pelas queimaduras solares (“B” de burn). A exposição acumulada a ambos está diretamente ligada ao câncer de pele, o tipo mais frequente no Brasil.

Estudos mostram que o uso diário do protetor solar reduz significativamente o risco de mutações celulares que podem evoluir para câncer, inclusive o melanoma, considerado o mais agressivo.

Mais do que proteção: benefícios estéticos e funcionais

O protetor solar também é um aliado contra rugas, manchas, perda de elasticidade e outros sinais do chamado exposoma, que é o conjunto de fatores ambientais como radiação UV, poluição e estresse oxidativo, que impactam a pele ao longo da vida.

Além disso, a fotoproteção contribui para reduzir a formação de AGEs (produtos finais da glicação avançada), substâncias que aceleram o envelhecimento e agravam doenças cutâneas. Quando associado a antioxidantes como a vitamina C, o efeito protetor é potencializado, pois ela neutraliza radicais livres, auxilia no clareamento de manchas e promove uniformidade no tom da pele.

O que acontece quando não usamos protetor solar?

Os efeitos da radiação ultravioleta se dividem em imediatos e tardios.

Imediatos: vermelhidão, aquecimento da pele, pigmentação transitória e queimaduras.

Crônicos: fotoenvelhecimento, rugas, espessamento cutâneo, dilatação de vasos, surgimento de manchas e maior risco de lesões pré-cancerígenas e câncer de pele.

Desinformação, Geração Z e o movimento Anti-Sunscreen

Nos últimos anos, a Geração Z, formada por jovens que cresceram em meio à internet e redes sociais, tem questionado práticas tradicionais de cuidado com a pele, e o uso do protetor solar tornou-se um dos principais alvos dessa resistência.

O movimento conhecido como Anti-Sunscreen ou “anti-protetor solar” surgiu e se popularizou em plataformas como o TikTok. Vídeos com as hashtags #AntiSunscreen e #NoSunscreen já ultrapassam dezenas de milhões de visualizações, muitas vezes propagando desinformação. Alguns conteúdos defendem alternativas ditas “naturais”, como o uso de óleos, enquanto outros pregam não usar nada, sugerindo que o protetor seria desnecessário ou prejudicial.

Esse movimento ganhou força em 2019, após a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, solicitar novos estudos sobre filtros químicos como oxibenzona e homosalato. Embora essa medida fizesse parte de uma revisão científica de rotina, acabou sendo mal interpretada e transformada em narrativa de risco.

A consequência foi uma onda de desconfiança, principalmente entre jovens que buscam um estilo de vida “clean” ou “sem químicos”. No Brasil, pesquisas revelam que 65% da população não aplica protetor solar diariamente, 23% dispensam o uso em dias nublados e 41,6% não reaplicam ao longo do dia. Esses hábitos preocupam, já que a exposição cumulativa à radiação UV está diretamente relacionada ao desenvolvimento de carcinoma basocelular, espinocelular e melanoma.

Desconstruindo mitos comuns

“Protetor solar causa câncer” → Falso. Não há evidências científicas que sustentem esse risco.

“Bloqueia a produção de vitamina D” → No Brasil, a radiação solar é suficiente durante todo o ano para manter níveis adequados de vitamina D, mesmo com uso de filtro.

“É pegajoso e desconfortável” → Hoje, existem fórmulas inovadoras em pó, stick, com cor ou toque seco, adaptáveis a diferentes tipos de pele e estilos de vida.

Fotoproteção oral e ativos botânicos

Nos últimos anos, substâncias de origem botânica como o Polypodium leucotomos, polifenóis e carotenoides ganharam espaço no mercado da fotoproteção. Esses compostos apresentam propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, auxiliando na defesa da pele contra os efeitos da radiação ultravioleta.

Porém, especialistas alertam que nenhuma dessas substâncias substitui o protetor solar tópico. Seu papel é de coadjuvante, ou seja, podem complementar a fotoproteção tradicional, mas jamais devem ser encaradas como alternativa única. O filtro solar aplicado diretamente sobre a pele continua sendo o método mais eficaz e indispensável para prevenir danos imediatos e cumulativos.

Celebridades, melasma e influência sobre o público

A influência de celebridades nas redes sociais também impacta a percepção sobre a fotoproteção. Um exemplo recente foi a declaração de uma modelo que afirmou ter abandonado o uso de protetor solar, substituindo-o por óleos, e sugeriu que “a dica para cuidar do melasma é não cuidar e esquecer que ele existe”.

Essa afirmação foi prontamente contestada por especialistas. O melasma é uma condição dermatológica crônica, de evolução lenta e multifatorial. Ignorá-lo não resolve o problema: a mancha levou anos para se formar e exige acompanhamento contínuo, com o uso correto de fotoproteção (preferencialmente com filtro com cor), clareadores tópicos e, quando indicado, tecnologias como o laser. O objetivo do tratamento não é “curar”, mas sim controlar e estabilizar a doença.

Já o uso de óleos no lugar do filtro solar é altamente arriscado. Além de não oferecer proteção efetiva, pode potencializar queimaduras e acelerar o processo de fotoenvelhecimento. Nenhum óleo, ativo natural ou suplemento oral é capaz de substituir a eficácia da fotoproteção tópica.

Como aplicar o protetor solar corretamente

A aplicação correta é tão importante quanto o uso diário.

O fator de proteção solar (FPS) mínimo 30, como recomenda a Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Reaplique a cada 2 horas, especialmente em exposição solar direta ou após contato com água ou suor.

Use a regra dos 3 dedos (indicador, médio e anelar cheios de produto) para medir a quantidade certa para o rosto.

Sem esquecer o pescoço, orelhas e o couro cabeludo. Atualmente, já existem brumas capilares específicas para essa região.

O protetor ideal é aquele que se adapta às necessidades individuais, bem como o tipo de pele, à textura e ao estilo de vida, tornando o hábito tão natural quanto escovar os dentes.

Sua saúde vem antes da beleza e da desinformação!

Converse sempre com um dermatologista para saber o que é mais seguro e adequado para você.

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